Este não é um artigo político.
O Brasil tem uma estrutura específica para atender aquele que não pode pagar um plano de saúde privado. O Sistema Único de Saúde, ou SUS, é algo que evoca pensamentos de estranheza naquele que nunca precisou: para este indivíduo, o SUS é sinônimo de filas infinitas para realização de exames, atendimento médico de baixa qualidade, salas de espera lotadas e mal atendimento administrativo.
A seguir, veja um depoimento real (autorizado).
Veja o caso de Janaína. Ela é decoradora de interiores em São Paulo SP, está divorciada, com 38 anos e teve plano de saúde a vida inteira. Sua renda mensal permitia desembolsar 680 reais por mês para ter acesso garantido a médicos, exames, pronto-socorro e hospitais, para ela e sua filha.
Para ela, o cuidado com a saúde sempre foi uma prioridade. Janaína não escapou das consequências da crise de desemprego e dos efeitos da pandemia. Durante vários meses, viu o número de trabalhos diminuir. Como é profissional autônoma, ficou sem emprego e teve que cancelar o plano para pagar dívidas acumuladas. Ficou doente e, sem outra alternativa, teve que recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde). O atendimento, apesar de bom, segundo ela, foi demorado. Marcou uma consulta em fevereiro e só viu o médico em setembro. “Agora, as coisas estão se recuperando, mas ainda não pretendo voltar a ter plano de saúde. O valor é muito alto”, diz.
Como as vagas do SUS são distribuídas?
A alta demanda do SUS exige que as vagas sejam gerenciadas e direcionadas para atender o que mais necessita. Não o mais pobre, não o mais influente, não o que mais reclama. O indivíduo que mais necessita do atendimento. Os que têm condições de aguardar na fila, ficarão.
Profissionais de saúde pública atendem casos que precisam de atenção imediata diariamente: se você sofrer uma queimadura enquanto cozinha, será atendido prontamente na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais próxima. Se for na mesma UPA com uma queixa de dor muscular recorrente no braço, será atendido também, mas aguardará um pouco mais.
Esse “esperar um pouco” vai depender do número de pessoas que estão no local aguardando atendimento junto com você. Não depende da equipe administrativa, médica ou de enfermagem. Trata-se apenas de uma triagem de que caso é mais urgente e ficará mais grave se aguardar. Mas é justamente esse tempo de espera que faz com que infinitos relatos de insatisfação deem má fama ao SUS.
O lado bom do SUS
Se você pensa assim, deixa eu te mostrar o outro lado do SUS: é incrível a quantidade e qualidade dos atendimentos feitos através da Saúde Pública. Médicos que já adquiriram prática após passarem anos atendendo uma grande demanda, profissionais de enfermagem que ocupam um cargo público porque foram aprovados em concursos, agentes de saúde que percorrem as ruas de seu bairro na tentativa diária de facilitar o acesso dos pacientes em vulnerabilidade à saúde. Agora, em 2023, após o mundo sobreviver à pandemia do Covid 19, você pode refletir no quanto o SUS estava preparado e suportou a altíssima e súbita demanda de atendimentos durante toda a pandemia.
Nunca usei SUS. Não mesmo?
Ah, ouve-se muito a frase : “Eu nunca usei o SUS”. Sério?
Você tem uma marquinha de vacina no antebraço direito? Essa marca é de uma vacina subcutânea chamada BCG, que você tomou no hospital que nasceu ou em posto de saúde, ainda com poucas semanas de vida. Ela protegeu você até agora contra formas graves de tuberculose, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar - espalhada pelo corpo. Sim, existem várias formas de tuberculose, que podem atingir diversas partes do corpo, não apenas os pulmões.
A prioridade com o binômio mãe-filho
Outra queixa que ouvi recentemente: “minha esposa está grávida, eu preciso de um plano de saúde!” Saiba que os programas desenvolvidos pela Saúde Pública priorizam a gestante e a criança, e sendo assim, basta ela se dirigir à UBS mais próxima e sua consulta de pré-natal será agendada. Fará exames de rotina obrigatórios, como ultrassonografia, laboratoriais e vacinas, tudo absolutamente dentro do tempo gestacional correto. Invariavelmente, os mesmos obstetras que atendem nas UBSs atendem ou já atenderam através de planos de saúde. O atendimento é de inquestionável qualidade.
De que documentos preciso para utilizar o SUS?
Para UBS - Unidade Básica de Saúde (o "postinho" aí perto de sua casa!) você precisa:
- RG e CPF
- Comprovante de residência
- Cartão do SUS
Para UPA - Unidade de Pronto Atendimento ou Hospital
- RG ou documento equivalente
Observação importante: Em caso de urgência/emergência (sua vida está em risco?) você poderá ser atendido em Pronto Socorro ou Hospital Público ,ainda que não esteja em posse de seus documentos. Os mesmos poderão ser solicitados posteriormente.
E você? Já teve uma experiência boa ou ruim com o SUS?
Olá, Danila!
Muito bacana a matéria. Já tive experiências boas e ruins tanto no SUS como em planos de saúde renomados.
Das últimas vezes que fui ao médico pelo plano de saúde da Unimed, o local estava lotado, poucos médicos. O tempo médio de atendimento era por volta de 2 horas de espera. Uma vez, fiquei umas 4 horas para ser atendido e com muita dor, e acabei pensando: "Vou em uma UPA para ver como está por lá." Fui surpreendido: Fui atendido em menos de 20 minutos, e medicado logo.
Quanto a questão de atendimento, já tive experiências ótimas e ruins em ambos. Você pensa que médico vai ser legal e gentil só porque é plano? Só que não.
A verdade é que dá para viver pelo SUS sim, e se for necessário algo mais específico, temos a possibilidade de fazer uma consulta particular para casos mais específicos.